Copiando Camões


Soneto I

Amor é dom que nasce sem se ter
É a querida que chega de repente
E com carinho ela passa a mão na gente
E diz o que ninguém sabe dizer


É pensar no futuro ao conhecer

É chorar sem saber o que se sente
É tudo o que se diz e o que se mente
Para um minuto a mais o amor manter

É entender da mentira a verdade
É um frio misturado com calor
É querer muito mais que lealdade

Mas tão estranho é este tal amor
Pr'aquele que só quer mais que amizade
Quando vê não passar d'um sonhador?

Revisada em 15/10/2007


Inspirado no Soneto XI:

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luiz Vaz de Camões

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